PGR – A sua importância para o TRC (Transporte Rodoviários de Cargas)

Escritor: Marcus Araújo
Especialista em Gestão de Riscos Corporativos e Logística | Gerente de Negócios | Professor | ISO 22301 (GCN) | SAP FI

Palavras chave: PGR, NPGR, Riscos de Transporte, Gerenciamento de Riscos de Transporte, Transporte Rodoviário de Cargas, TRC

Introdução

No Brasil o evento de roubo de cargas, infelizmente, está inserido no contexto de todas as empresas no país, sejam embarcadores, transportadores e companhias seguradoras. As transportadoras, dentre algum de seus desafios podemos destacar, dentro da Logística Empresarial, os conceitos de Just in Time e o Supply Chain Management são uma realidade para aumento de produtividade e competividade, aliado à boa Gestão de Riscos, que vão permitir melhores negociações com as companhias de Seguros, podendo representar melhores condições na hora da negociação dos fretes junto aos clientes. Os transportadores devem identificar os eventos em potencial que, caso ocorram, afetarão a organização.

Num cenário onde as mudanças são rápidas, as instabilidades permanentes e a imprevisibilidade alta, a formulação de estratégias organizacionais já não pode combinar com o método tradicional de projeção e análise.

O Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR), também chamado de NPGR (Normas e Procedimentos de Gerenciamento de Riscos) é uma ferramenta importante, pois é feito análise do ambiente da transportadora ou embarcador versus a apólice de Seguros, facilitando o entendimento sobre os procedimentos a serem adotados para cumprimento do procedimento criado.

Logística e Transportes

A Logística é uma palavra que ouvimos em tudo na nossa vida nos dias de hoje. No ambiente que hoje vivemos, onde a competição em vários segmentos da economia se intensificou muito, conquistar e manter a participação no mercado tornou-se a principal opção para gerar crescimento em muitas indústrias. Metas como fidelizar o cliente, superar expectativas do cliente segundo (LEVITT, 1985) ou, em última análise, satisfazer necessidades do cliente conforme (KOTLER, 1998) tornaram-se impositivas.

A Logística exerce a função de responder por toda a movimentação de materiais, dentro do ambiente interno e externo da empresa, iniciando pela chegada da matéria-prima até a entrega do produto ao cliente final conforme (CHING, 1999).

Neste artigo trataremos apenas de um segmento dentro da Logística, do Transporte Rodoviário de Cargas e seu risco inerente na sua operação.

Mello (1995) interpreta que o transporte rodoviário tem algumas características específicas devido ao uso do caminhão; este apresenta a vantagem de possibilitar o deslocamento de mercadorias porta-a-porta o que pode se configurar na maior vantagem deste modal. Adicionando a isto, o seu menor preço inicial, a sua flexibilidade, a possibilidade de escolha de rotas e as diferentes capacidades de carga oferecida, compreende-se a razão de sua ascensão à posição que hoje ocupa.

Definição e identificação dos Riscos

A palavra risco, representa a possibilidade de perder ou ganhar econômica ou financeiramente, de causar prejuízo físico ou gerar atraso como consequência de incerteza associada a alteração de um particular curso de ação (Chapman, 1991 in Risk Analysis in Project Management).

Para Rotta (2007), risco é definido como a volatilidade de resultados inesperados ou com o grau de incerteza de um resultado futuro. O desempenho de uma atividade empresarial é o resultado de uma posição sujeita a certos eventos, sendo o risco o grau de incerteza em relação ao retorno esperado. Trata-se, portanto da probabilidade da ocorrência do evento e o impacto no resultado da posição.

Perigo:

  • Estado ou situação em que se corre grande risco;
  • É a causa de uma perda ou a eminência de materialização do risco.

Dano:

  • É a gravidade da perda humana, material ou financeira que pode resultar, se o controle sobre um risco é perdido.

Causa:

  • É a origem de caráter humano ou material relacionada com o evento (incidente/acidente), pela materialização do risco, resultando ou não em danos.

Tipos de Seguros

O seguro é um contrato em que uma parte (sociedade seguradora) se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo da outra parte (segurado) contra riscos predeterminados. Esta garantia de materializar, entre outras obrigações, dentre elas de pagar o segurado, ou a terceiros beneficiários, determinada quantia, caso o risco se concretize.

Tipos de Seguros no Transporte Rodoviário de Cargas

Descreve GUIA DO TRC [10] que os seguros existentes no mercado de transporte são três: um feito pelo embarcador e dois pelos transportadores. O Seguro Transporte Nacional é para o dono da carga, o mesmo é obrigatório. O RCTRC-C (Responsabilidade Civil do Transporte Rodoviário de Cargas), também obrigatório, deve ser feito pela empresa de transporte, mas cobre apenas prejuízos pelos quais o próprio transportador seja responsável, como colisão, capotamento e abalroamento. O terceiro, também feito pelas transportadoras, é opcional: RCF-DC (Responsabilidade Civil – Desaparecimento de Cargas).

Fonte: www.guiadotrc.com.br
Fonte: www.guiadotrc.com.br

Gerenciamento de Riscos

Dentre as várias definições de Gerenciamento de Riscos, dizemos que ela envolve, em primeiro lugar, a identificação dos riscos a que está exposto o transporte e o levantamento da natureza, o valor e a frequência dos sinistros já ocorridos e dos que possam ocorrer no futuro, conforme NTC [11].

Conforme GRISTEC [13] o Plano de Gerenciamento de Risco tem por objetivo mapear e definir em detalhes o perfil real das operações de embarcadores e transportadores.

O PGR é o que norteia toda a atividade final da gerenciadora. O não cumprimento dele em sua totalidade pode acarretar sérias penalidades por parte das seguradoras como o descredenciamento ou, muitas vezes, prejuízos financeiros.

O PGR tem por objetivo mapear e definir em detalhes o perfil real das operações de embarcadores e transportadores. Para isso é importante analisar todos os fatores que envolvem a operação.

O que se discute muito hoje é a busca por uma padronização do PGR, pois a transportadora deverá a cada novo contrato fechado aprovar uma PGR específica com a seguradora, para o transporte da carga, o que exigem um bom planejamento interno.

Principais Etapas da Implantação do PGR

1° Análise do cliente mapeando toda sua operação
Veículos, rotas, destinos, origens, carga, pessoas envolvidas direta e indiretamente, etc…

2° Análise de sua Apólice de Seguro
Entendimento das exigências feitas pela seguradora: equipamentos, valores de embarque, procedimentos específicos, etc…

3° Elaboração do PGR
Confecção do PGR e apresentação para aprovação junto ao cliente e sua seguradora.

4° Implantação no Cliente “local”
Equipe da gerenciadora irá até as unidades do cliente para treinamento e adequação do PGR. O tempo varia de acordo com a operação, mais ou menos complexa.

5° Início das operações “remotas”
Na unidade de monitoramento da gerenciadora os operadores de monitoramento começam a cumprir as orientações descritas no PGR.

6° Retro Alimentação “Avaliação”
Momento que o cliente recebe informações de como está sua operação e possíveis pontos de melhoria.

Embora ainda existam transportadores que não se deram conta do PGR de uma forma ampla e que se restringem apenas ao que é imposto pela seguradora, muitas empresas de transporte vão além.

Essas contam com uma aplicação mais ampla, utilizando o PGR não só para a minimização de seus riscos aos bens materiais, mas atuam de forma a garantir inclusive a geração de índices de ocorrências e mapeamento de seus pontos críticos como acidentes, gargalos logísticos e auxílio de diversas certificações.

Considerações Finais

Atualmente as empresas são desafiadas a operar de forma eficiente e eficaz para garantir a continuidade de suas atividades, o que as obriga a constantemente desenvolver vantagens em novas frentes de atuação. As demandas impostas pelo aumento da complexidade operacional e pela exigência de maiores níveis de serviços pelos clientes, mas que anseiam por preços declinantes.

No mundo globalizado e competitivo, a dinâmica do mercado é um fato concreto. Com isto, as organizações têm que aceitar esta nova realidade, e, ao mesmo tempo buscar opções que possibilitem a sua permanência no mercado.

A adoção de mecanismos eficazes de segurança preventiva ajuda a evitar perdas na cadeia logística, com o aumento do roubo de cargas e acidentes nos últimos anos no país, conforme NTC, as seguradoras, por meio do Plano de Gerenciamento de Riscos utilizam essa ferramenta para mitigação dos seus riscos obrigando as transportadoras e consequentemente as Gerenciadoras de Riscos a seguirem os procedimentos, pois, se a mesma não cumprir, a seguradora, através do Direito de Dispensa de Regresso entra com uma ação contra a transportadora solicitando a reparação do prejuízo.

Referências

CNT, Confederação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. Disponível em <http://www.cnt.org.br> . Acesso em 03 de setembro de 2011.
CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia logística integrada. São Paulo: Atlas, 1999.
MELLO, C. P. Custos de transporte rodoviário no Brasil. São Paulo: Atlas, 1995.
GUIA DO TRC, Guia do Transportador Rodoviário de Cargas. Disponível em <http://www.guiadotrc.com.br> . Acesso em 03 de setembro de 2011.
NTC, Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística. Disponível em <http://www.portalntc.org.br> . Acesso em 03 de setembro de 2011.
GRISTEC, Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento. Disponível em <http://www.gristec.com.br> . Acesso em 05 de maio de 2011.

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